segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Depressão


Falar de depressão pode parecer algo muito clássico quando se pensa em uma mulher que acabou de ter o primeiro filho e está tentando se reencontrar no mundo... É mesmo.
Nunca gostei do termo “depressão pós parto” pois eu tenho depressão desde a adolescência e embora não cuide dela com as melhores intervenções do mundo, tento cuidar do meu jeito ou, no mínimo, sempre tenho consciência de que ela está me pegando...
Sei bem que tive depressão durante a gravidez por questões sociais, profissionais e emocionais. Acho que depressão é algo que assola a pessoa em momentos mais difíceis, quando a luminosidade é baixa. Entendam aqui luminosidade como perspectiva, sem conotação religiosa nenhuma, por favor.
Quando comecei a escrever esse blog, fiz uma lista de textos que não poderiam faltar: experiências que eu estava tendo e que não podia deixar de registrar. Depressão foi um dos primeiros ítens da lista... Por que só agora escrevo? Por que demoro muito pra sentar e escrever por conta da natureza da própria maternidade e por que, como todo mundo que tem depressão, eu já tive diversos altos e baixos nesses meses desde que a Alice nasceu (quase 5). Quando estava no momento “desespero”, nem pensava, nem tinha condições de escrever... Quando o momento desespero passava, eu pensava em compartilhar coisas mais bacanas...
Resolvi escrever agora sobre a depressão por dois motivos especiais: primeiro por que acabei de ler um livro bem bacana...O livro parece um ombro amigo de verdade, desses nos quais a gente sabe que pode confiar e que diz coisas que todo mundo diz mas nele a gente acredita.... E depois por que eu me encontro num momento que considero bem preocupante da depressão.
O livro é “Ser mãe – e viva a vida - A experiência da mulher após o nascimento do bebê”, de Rosana Glat. A autora,professora universitária e mãe de três filhos, fala sobre as sensações mais comuns das mulheres com a experiência da maternidade. O livro tem 3 capítulos bem específicos: 1- “E agora? O que é que eu faço?” 2-“Olha o que eu virei” e 3- “Quando você vai tirar esse uniforme de mãe?”
A leitura é bem gostosa por que vai de encontro às angústias mais comuns das mulheres que acabaram de reproduzir e o livro é curto, simples (desculpem-me os mais acadêmicos e eruditos mas nada como um livro curto e simples no meio desse momento desesperador e cheio de necessidades de respostas) e nem um pouco sensacionalista (minha irmã comprou de presente pra mim num congresso de educação das mãos da própria autora). Fala de questões tão práticas e comuns, mas tão óbvias que a gente se dá conta que poucos falam disso: tipo... “Nunca mais almoçar as 4 da tarde no sábado no mesmo ritmo que almoçávamos antes com os amigos sem filhos...” (a autora na verdade dá um exemplo do pós praia... mas me recuso a falar de praia agora). Ou seja... não podia deixar de falar do livro por que ele foi o meu ombro amigo durante bons dias... Eu lia e sentia vontade de abraçar a Rosana e dizer: “me salva mesmoooooooo”.
Outro motivo pelo qual eu resolvi escrever agora é pela natureza nova e quase apática do meu estado emocional... Claro que eu surto, choro, fico triste e tenho medo... Em alguns momentos coloco todas as minhas indagações sobre a vida “na espera” e curto a Alice, a beleza de vidinha sobre a qual tenho responsabilidades para o resto da minha existência. Mas tem me espantado um certo sentimento de confusão... É tanta dúvida, tanta confusão e um sentimento de solidão tão imenso que às vezes eu me pergunto se é hora de chorar, ter medo, sorrir, fazer coisas (...) e fico sem resposta.... Não sei que sensação assumir, tenho tido uns blackouts emocionais sem saber o que sentir.... Sem emoção... E um peso na consciência assola de novo o meu coração e me pergunta: eu não deveria estar feliz? A resposta vem para definir minha emoção com a tão falada CULPA... Medo... Tristeza...Às vezes raiva também... Loucura.
Mas insisto na conversa inicial...Depressão no meu caso é companheira de vida, é mal do século, talvez da própria natureza humana. A maternidade só faz as coisas ficarem mais intensas. E antes que alguém retruque com palavras otimistas: Não passa não; mas concordo que tenha seus altos e baixos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Baby sling

Logo que engravidei, vi uma reportagem na tv sobre os slings... Esses panos amarrados que algumas mulheres de diferentes etnias e culturas usam pra carregar seus bebês por aí. Mesmo antes de ver a reportagem, já me fascinava a idéia de adotar uma ferramenta, ou melhor dizendo: um acessório, para carregar o bebê. Transmite, sei lá, maior segurança, praticidade já que em muitos casos a mulher fica com as mãos livres e acima de tudo, charme. Charme vindo da maternidade, claro, nada muito sensual, mas um charme que carrega consigo até o peso da pureza.
Depois de ter visto a reportagem, estabeleci que usaria o sling como uma forma urbana, paulistana e absolutamente necessária para carregar o meu bebê. Ainda no começo da gravidez, aprendi a amarrar uma canga e tive como voluntário o meu gato jack, que sempre muito prontamente topava ensaiar o “estado sling”. Um fofo... Um dia até fiz arrumação no quarto com ele penduradinho e foi bem tranquilo pra mim e pra ele.
Pesquisei vários modelos de sling e antes da Alice nascer eu já sabia quais queria e quais jamais usaria. Os gigantescos que contornam toda a mulher que acabou de parir e tenta, inutilmente disfarçar aquilo que aconteceu com o seu corpo não fazia o meu estilo. Muito pano contornando uma gorda ia me deixar triste, mau humorada (estado que já é da minha natureza) e, de verdade: feia pra caramba.
Encontrei algumas variações de sling, alguns menores, mais discretos, com menos pano, com bolsinhos internos....
Gostei daquele da Munchkin, mas aqui no Brasil custava muito caro...Pra trazer de fora é aquela chateação de pedir pros outros e torcer que escolham aquele modelinho e aquela cor que eu escolheria... Encontrei da Munchin aqui na loja da “Alô Bebê” (loja física, pois na virtual não tinha) mas não consegui pagar 130 reais num paninho tão pequeno...Eu tinha esperança de encontrar mais barato.
Pesquisando, pesquisando...Encontrei o sling que eu queria... O site era “sampasling” http://sampasling.com.br/ ... Eles tinham ali 3 modelos de sling: o de amarrar que eu detesto, um de velcro (que eu sei que é forte, mas não me dá segurança espiritual), e o “sampasoft”.
Encontrei no sampasoft o modelo ideal para mim. Projetado pra quem vive em grandes centros urbanos, quer algo discreto, com pouco pano e sem muitos segredos e artimanhas pra se montar e desmontar.... Isso sem falar no preço que parecia ser ótimo. Não paguei nem 70 reais com o frete e tudo!
Para escolher o sling, além de olhar mil vezes as cores disponíveis, li atentamente a tabela de tamanhos que é bastante complexa. Tem que ver medida de tudo... Peito barriga, pneuzinho, altura, jeito que quer carregar o bebê.... Escolhida a estampa e o tamanho, comprei o meu sling que no dia seguinte já estava em casa! Foi aquela alegria.
No dia seguinte precisava sair com a Alice e não tive dúvidas! A grande estréia do sling: fracasso total. Alice simplesmente se contorcia como um camaleão e urrava pra que eu não a mantivesse ali, naquela que parecia ser uma posição bastante desconfortável. Tentei algumas vezes e o sling definitivamente não estava confortável... De cara eu percebia que faltava “um jeito”; que nem eu nem ela estávamos confortáveis... Foi aquela tristeza.
Passaria em breve dois meses em São Paulo sozinha...Eu e Alice... Poxa vida eu tinha comprado o sling pra me auxiliar nessa coisa de ir pra lá e pra cá e não ter que levar o carrinho.... Principalmente eu que uso muito o transporte público... Deu um medo de não poder contar com esse acessório.
Quando chegamos em São Paulo, fiquei mais em casa... Na primeira semana ia ao mercado com a Alice no carrinho... Bem pequenina, com 2 meses incompletos e comprava apenas o que conseguisse carregar com apenas uma das mãos.
Logo na primeira semana marquei uma consulta médica. Fiquei matutando, matutando sobre como faria pra ir ao consultorio com o carrinho... Como faria pra entrar na estação de metrô, pra subir a escadaria que levava ao prédio... Enquanto pensava e arrumava nossas coisas para sair, a Alice pegou no sono... Peguei ela no colo e fiquei carregando, pensando se a colocaria no carrinho... Peguei o sling e a envolvi nele, como se fosse uma cobertinha vestida em mim. Não soltei a Alice no sling, fiquei carregando com o meu “abraço”de mãe mesmo.
Fiquei segurando como se não houvesse nada ali. Pensei comigo e decidi que ela iria no colo, vestida pelo sling. Fomos.
Na ida, eu me sentindo uma vitoriosa. Ela dormindo. Chegamos ao consultório e ela acordou apenas para mamar... Percebeu que estava envolta no pano outrora odiado, mas concentrou-se mais em mamar mesmo. Voltou a dormir. Fui consultada. Saí do consultório e entrei novamente no metrô pra voltar pra casa. Ela dormindo. Eu vitoriosa. Saí do metrô já no quarteirão de casa. Sorridente; expressão rara em mim. Cheguei até a relaxar os braços e deixar que a Alice ficasse usufruindo da função do sling... Meus braços descansaram! Entrei em casa, tranquei a porta e... Alice acordou. Ia chorar. Eu, mais que agradecida a tirei dali, troquei fralda e brincamos um pouquinho. Compartilhei com ela sobre o nosso avanço do primeiro passeio de sling... Foi bem bacana! Me senti gente, senti que eu posso sim sair de casa, que o sling ajuda e dá segurança. Passei aquela tarde sonhando e planejando umas visitinhas a amigas, passeios... Foi um dia feliz mesmo. Marcante. Praticamente uma mudança de estado.
Logo depois desse episódio, comecei a fazer diversos passeios com a Alice de Sling... Sempre com a mesma abordagem inicial: carregar ela no colo apenas envolta pelo sling mas não solta. Saindo na rua já dava pra soltar pois ela se distraia com o movimento e ficava tranquila...Acho que também sentia-se segura... Com a aceitação dela pelo sling, comecei a encontrar posições mais adequadas e versáteis para carregá-la: mais deitadinha e guardadinha, ou sentada e com o braço de fora pra ver a vida!
Fui ficando craque no sling e ele foi fazendo parte da gente. Passamos a ficar tão à vontade andando por aí que as pessoas me paravam na rua para perguntar sobre a funcionalidade. Conheci inclisive um rapaz muito simpático na fila do caixa do mercado que me pedia orientações sobre esse processo de adaptação, pois sua irmã tinha um bebê que não se adaptava...
A grande sacada é essa mesmo... ADAPTAÇÃO. Cada mãe vai descobrir sua fórmula, do mesmo jeito que as mães se acostumam com cangurus, carrinhos, cadeirinhas de carro, etc, etc... E foi desse jeito que eu e a Alice fizemos graaandes passeios.
Ps: as compras de mercado passaram a ser feitas com: Alice no sling e carrinho de feira! Prático, barato e fácil! (mesmo por que eu não aguentava mais pagar R$12,00 de taxa pro delivery do “Pão de Açúcar” trazer as coisas pra mim em casa... e ir ao mercado todo dia comprar apenas uma cestinha.... Durou bem pouco.)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A gaveta das fraldas


Não fiz chá de bebê mas ganhei pacotes e pacotes de fraldas das minhas amigas... Os tamanhos variavam entre Rn, P e M, ou seja...Alice completou 4 meses semana passada e eu ainda não precisei comprar nenhum pacote sequer de fraldas... Provavelmente eu fique mais uns dois meses utilizando os pacotes que eu ganhei até que elas se acabem. O mais bacana disso tudo é que quando você ganha as fraldas, ganha de diversas marcas e modelos de fraldas e tem aí uma excelente oportunidade pra experimentar todas.
Antes eu achava que que ia me dar bem com Pampers e que não ia gostar da Johnson’s... O que aconteceu foi que conhecendo cada fralda, tirei a seguinte conclusão: Fralda é mais ou menos “tudo igual”, o que muda é que tem umas que vestem melhor o corpo do seu bebê e que seguram o xixi por mais tempo... Pensando assim comecei a definir que certas fraldas são melhores pra dormir, certas fraldas pra logo depois do banho, certas fraldas pra quando ainda não fez cocô mas já vai fazer, algumas são boas pra sair, por que além de resistentes são fáceis de trocar fora de casa... Sendo assim eu vou abrindo uns 4 pacotes por vez e monto na gaveta um esquema de utilização delas. Deixo sempre 8 das que eu uso mais no dia, 4 das que coloco por que sei que vão sujar ou trocar logo e 4 das melhores pra dormir...Então, de dois em dois dias eu refaço a gaveta com mais ou menos a mesma estrutura... Mas isso é estratagema de mãe...Cada mãe tem o seu esquema, o meu é esse... Além das fraldas não posso deixar de citar o algodão, que uso da marca Apolo e os lenços umidecidos, que prefiro da johnson’s... Tem também as pomadas, que tenho usado 3: bepantol (que sobrou da minha ultima tatuagem) e os dois tipos da Desitin (essa é uma pomada americana): original (que é bem parecida com hipoglós, tem até o mesmo cheiro) e a creamy (que lembra a dermodex prevent, mas é bem melhor, pois espalha, hidrata e sai com mais eficácia).
Bom... Essa é a gaveta de fraldas.... Agiliza minha vida, é a única gaveta organizada da casa e não posso deixar de dizer...As fraldas da johnson’s são ótimas!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

• Eu faço tudo errado




Acho que muita gente, quando vai ter filho ou quando vai fazer pela primeira vez qualquer coisa que seja nova e importante, dessas que a gente não faz todos os dias, se informa antes de fazer o que quer... Por exemplo...Se você vai comprar um animal de raça X, procura saber sobre a raça, se vai viajar, procura se informar sobre onde ficar, onde comer... Com filho a mesma coisa. Tendo então 9 meses de espera dá tempo de sobra pra se informar e pra desenvolver teorias próprias, medos, hábitos e lemas.
O grande “manual filho” está fortemente presente em 3 possibilidades de aprendizagem: livros sobre o assunto (maternidade ou educação), conversas com pessoas mais experientes e cursos para gestantes (esse eu não fiz). Conversas com pessoas mais experientes eu tive pela vida inteirinha pois sempre tive curiosidade por essa coisa de reproduzir...O que eu mais fiz durante a minha gestação foi ler e pensar... Li, li, li...
Tive uma proteção especial durante minhas leituras...Lembro-me que há muitos anos, quando li uma entrevista da Maria Paula (que faz o “Casseta e planeta”) fiquei pensativa ao saber que ela também tinha conflitos sobre qual seria o jeito certo de criar o seu primeiro filho que tinha acabado de nascer, e ela no final dessa entrevista, disse que descobriu o jeito certo; era o jeito dela, mesmo.
Pois bem... Deparei com diversas linhas de educação, de pensamento entre os diferentes livros que li.... Com alguns, eu me encontrava, com alguns eu me surpreendia e chegava a dizer: “Meus Deus! Ainda bem que eu li isso pois assim eu posso prevenir tal coisa...”, mas encontrei livros que me fizeram sentir castigada, a pior das mulheres e a mais incompetente das mães... E a crise do “eu faço tudo errado” baixou em mim até que eu decidi me sentir em paz pelas minhas decisões e experiências...
Estava eu lendo sobre como fazer o bebê dormir sozinho...Eu ia pro quarto com a Alice as 23:00hs e conseguia colocá-la no berço as 04:00 hs da manhã.Tentava de tudo e a bichinha não dormia. Foram dias de desespero, por que eu começava a perder as forças, tinha medo de desmaiar com a pequena no colo... Li o capítulo sobre como fazer o bebê dormir sozinho...Eu precisava é que ela dormisse mais facilmente... Se dormisse sozinha, melhor, mas se dormisse já estaria pra lá de bom... No livro dizia pra NÃO fazer algumas coisas como: deixar a criança dormir no colo (foi a primeira idéia que eu aproveitei e deu certo), fazer cafuné na criança (também testei e deu certo), deixar a criança dormir no carrinho em movimento (isso de fato é traiçoeiro...eu também testei... a criança dorme, mas na hora de tirar e botar no berço ela acorda...é muito movimento)...Ou seja, tudo o que o livro considerava errado eu experimentei e funcionou! Pode não ser a forma mais adequada de conduzir as coisas mas significou uma melhora considerável do meu atual estado de sobrevivência...
Mas o fato de eu ter testado o “caminho errado”e ter me sentido melhor como mãe através dele fez com que minha consciência pesasse demais...Eu ficava pensando toda hora: maldito livro, maldito livro....
Depois de uns dias, me consolei com as palavras da Maria Paula (aquela mesma, do “Casseta e planeta”)... O melhor jeito de criar a criança, a minha criança, é o meu jeito mesmo.... E assim caminha a maternidade...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tempo, tempo, tempo...



A maternidade nos traz uma relação muito estranha com o tempo. Os acontecimentos são intensos demais e temos nossa vida completamente transformada de repente.
Uma criança pequena requer cuidados e passamos a maior parte do tempo provendo. Quando nos damos conta lá se foi mais um dia, mais um mês e num piscar de olhos o primeiro ano.
Minha pequena acabou de completar três meses e tenho a sensação de que esse tempo voou.
Com duas crianças em casa, sobra pouco tempo para existir e fico me perguntando se é assim com todo mundo ou se sou obsessiva demais. O fato é que não consigo cuidar dos meus interesses e estou sempre suprindo as necessidades dos pequenos.
A danada da culpa surge exatamente quando me permito pequenos prazeres ou simplesmente quando priorizo meus interesses.
Sentar para escrever, organizar as idéias, é quase impossível durante o dia e à noite, quando finalmente a casa silencia, estou exausta e só quero dormir...
Até agora já fui interrompida umas cinco vezes e fico me perguntando se ainda sou capaz de escrever com alguma coerência.
É bastante difícil ceder o tempo todo, perceber que as coisas deixam de ser feitas no tempo que se considera ideal... Perder a liberdade do ócio... Como é difícil lidar com essas questões!
Desde quando Henrique nasceu, vivo as maravilhas da maternidade e a loucura de me sentir prisioneira de desejos que não são meus. Às vezes, é difícil até ir ao banheiro.
Maria Clara passou esses primeiros meses chorando. Teve muita cólica, refluxo e sabe Deus mais o quê! O fato é que essa pequena chorava praticamente o dia inteiro e eu fiquei exausta.
No meio desse turbilhão ainda tive que lidar com meus hormônios e a perda da pessoa que trabalhava há anos na minha casa. Resumindo: Escrever virou missão impossível.
Só agora consigo vislumbrar a possibilidade de viver uma certa organização e isso me faz um bem enorme. Estou começando a curtir minha bebezinha e aprendendo a dividir o tempo entre os dois.
Existe um tempo de adaptação para qualquer grande mudança e esse “tempo” vai acontecendo no dia a dia sem que a gente perceba. Aos poucos estou conhecendo essa pessoinha que acabou de chegar e entendendo como funciona, do que precisa, do que gosta, como dorme...
Enquanto isso, vou tentando registrar aqui e ali minhas descobertas sobre ela e sobre mim mesma.

Sun Ra

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A experiência da Sun Ra com relação à amamentação


Saí da maternidade com o peito enorme, abarrotado de leite, dolorido e já manipulado por quase todas as enfermeiras. Nada disso me surpreendeu porque foi exatamente igual quando meu primeiro filho nasceu.
Tecnicamente eu estava muito bem preparada. Já sabia como segurar o bebê, sabia como deve ser a pegada, sabia massagear o peito e sabia que quando o leite desce a dor é inevitável até se acertar com a criança.
Apesar da minha experiência, percebi que as coisas seriam um pouco diferentes...Henrique, meu primeiro filho, logo começou a esvaziar meu peito e o descompasso durou apenas uns dois dias. Minha pequena, no entanto, embora soubesse sugar com eficiência, dormia sempre que era colocada para mamar.
Assim que cheguei em casa esse comportamento me preocupou e entrei em contato com a pediatra. Fiquei surpresa quando ela me disse que bebês que dormem demais podem ter fome.Sempre achei que criança com fome chorasse!
Na semana seguinte, após ter minha primeira consulta adiantada por sugestão da pediatra, descobri que Maria Clara estava mesmo com fome e já havia perdido bastante peso.
Saí do consultório super triste e angustiada pela possibilidade de não conseguir amamentar minha filha. Como ela passou algum tempo sem mamar, minha produção de leite havia diminuído e a orientação foi oferecer o peito a cada três horas (inclusive durante a noite) e complementar as mamadas com NAN, usando copinho ou colher.
Para resolver a questão da baixa produção de leite a pediatra prescreveu um remédio chamado EQUILID. Trata-se de um antidepressivo que tem como efeito colateral o aumento de prolactina (acho que é isso), ou seja, auxilia na produção do leite materno.
Já havia tomado EQUILID quando Henrique estava com quase dois meses. Por completa ignorância e excessiva vontade de criar uma rotina para o meu filho, acabei deixando-o passar fome.
Na época, eu era super rigorosa com os horários das mamadas, ignorava completamente o fato de não poder controlar a quantidade de leite ingerida por ele e fiquei arrasada quando descobri que meu bebê chorava de fome. A situação foi contornada rapidamente mas levei um bom tempo para me perdoar...
Com EQUILID minha produção melhorou mas meu pequeno tomava complemento em todas as mamadas. Maria Clara deixou o complemento de lado após uma semana e já está crescendo e ganhando peso apenas com o leite materno.
É muito gratificante ver um bebezinho crescendo apenas com o leite que você produz, além do mais, sinto um prazer enorme em amamentar...Adoro olhar o rostinho dela, sentir seu calor, suas mãozinhas deslizando sobre o meu colo e a cumplicidade do seu olhar...
Como fiquei traumatizada com o episódio do Henrique, sempre fico meio preocupada se estou produzindo o suficiente para dar conta do recado. Ainda não consegui entender porque algumas mulheres produzem leite em abundância e outras não.
Preocupada com a qualidade e a quantidade do meu leite, resolvi procurar uma nutricionista para formular uma dieta que pudesse me ajudar a manter a produção em dia. Recebi dela a informação de que é fundamental consumir uma boa quantidade de cálcio e água.
Além de alimentar e nutrir, o peito acalma. Meus dois filhos não quiseram chupeta, apesar dos meus esforços e a Maria Clara está desfrutando do prazer de dormir no peito quando está muito inquieta.
Em muitos momentos, isso me desagrada, mas não quero ser rígida com ela como fui com ele. Hoje sei que eles crescem rápido demais e que os ”vícios” tão temidos por nós, vão sendo abandonados ou substituídos sem grandes traumas ou dificuldades. Quero apenas desfrutar da delícia de ter novamente um bebê na minha vida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

• Ela só quer, só pensa em namorar... (o colo)


Eu comentei na postagem anterior que criança não tem apenas necessidade de mamar, que tem necessidade de sugar também... Quem dera se fossem só essas as necessidades da criança...Na verdade são inúmeras... E eu não sei se consigo dar conta de todas, mas da básicas eu dou.
Como a Alice dorme muito bem à noite, nunca me incomodei com o fato dela não dormir muito durante o dia. Ela dorme a noite inteira e quase a manhã inteira também e fica acordada das 11 da manhã até as 10 da noite...Onze, doze horas acordada pra um bebê tão pequeno? Dá pequenas cochiladas. Mas são tão discretas que eu nem computo. Em determinados momentos da tarde chora um pouquinho e eu começo aquela sondagem clássica: é fome? Nããão... é fralda suja? Nããão... é dor? Nããão... Embora não seja fome, o peito sempre acaba resolvendo essa indisposição, esse mau-humor, essa irritabilidade que eu comecei a reconhecer como SONO. Pois bem... O peito relaxa...Quem leu as postagens anteriores sabe bem que eu não tenho leite suficiente pra alimentar e nutrir plenamente a Alice e que ela sempre mama no peito apenas pra terminar aquilo que começou na mamadeira e pra fortalecer nossos bonitos laços de mãe e filha.
Descobri então um certo choro diferente: esse do sono. Até que hoje, ela estava no carrinho choramingando e eu decidi não dar o peito por que ela tinha mamado demais e tinha até regorgitado, coisa que ela não faz nunca... Apenas peguei no colo... Dá saudades de apertar, pegar no colo, olhar de pertinho... Ela dormiu. Não a coloquei novamente no carrinho e ela ficou dormindo, dormindo, dormindo... Segurei no colo por 01:30 hs e sei que se tivesse segurado mais ela teria dormido mais...
Aí vem um monte de dúvidas... Se ela dependesse de colo pra dormir, não dormiria a noite inteira de maneira tão independente (depois eu conto como ela dorme a noite). Comecei a observar e percebi o seguinte. Às vezes ela apenas para de chorar no colo, às vezes fecha os olhinhos e fica descansando mas não dorme e às vezes embala num sono bom... O ÓBVIO: colo pelo colo. Desejo, necessidade, vontade.
Deus do céu... Será que o peito perde sua função a partir dessa percepção? Ou será que servirá para operações especiais como vacinas, exames no médico, mordida de cachorro, etc, etc, etc....

• A vida é um disco riscado


Quando as meninas nasceram, eu e a Sun conversávamos muito comparando a vida daqueles dias a um disco riscado... Parecia que nada acontecia nas nossas vidas a não ser dar de mamar, trocar, tentar fazer dormir e tentar dormir... E parecia que nunca realizaríamos coisas... Parecia que eu nunca mais escreveria nada, parecia que nunca mais escutaria música, nunca mais bateria papo com meus amigos na internet... A coisa ainda não voltou ao normal, pois não tem nem 2 meses que a Alice nasceu, mas eu já começo a enxergar a formulação de uma rotina.
A rotina não aparece assim, de uma hora pra outra... Ela vai se constituindo aos poucos e se você tem um mínimo de organização, vai percebendo a formulação dela mais aos poucos ainda...
Comecei a perceber o estabelecimento da minha rotina por causa da HORA DA CHUPETA... Todos os dias a Alice vinha vomitando e engasgando durante o banho, isso me dava um medo danado e assim eu fui aumentando o intervalo entre as mamadas até que conseguisse dar um banho nela de barriga vazia pra evitar riscos de congestão, coisa e tal. Conclusão.... Tinha que esperar duas horas depois de uma mamada pra poder dar banho e pra que ela pudesse então, mamar de novo... Aí entrava a chupeta... Bebê não tem apenas fome, mas tem também necessidade de sugar... Nessa hora que era de fome, a Alice fica que nem uma louca chupando a própria mão... Resolvi esse problema oferecendo a chupeta, por que chupeta a gente negocia se é pra usar ou se é pra guardar...Já a mão... Essa está sempre à disposição da criança...
Então foi que eu percebi que todos os dias, antes da hora que eu quisesse dar o banho, a hora que fosse, eu dava a chupeta... Até que pensei... Isso é rotina... Precisava então fixar alguns momentos chave para outros acontecimentos diários da Alice...
Refletindo sobre isso percebi o seguinte... Eu dava o banho antes de dormir, pra relaxar... Dava o banho as 23:00hs mas só conseguia colocar Alice no berço a 01:30hs da manhã (de dia o intervalo de mamadas dela era de 2 ou 3 horas, à noite aumentava pra 4 horas). Passei o banho para as 20:00hs.... Cada criança é uma criança... O banho desperta a Alice e ela só relaxa umas duas horas depois...
Agora, com o banho fixado às 20 horas, consigo colocá-la diariamente na cama entre 22:30 e 23:00hs e como ela já tem 2 meses e 10 dias (isso mesmo...eu comecei a escrever o texto e ela não tinha nem 2 meses...tive que dar esse intervalo...quando eu falo que criança dá trabalho...só quem é mãe entende!), tem acordado só as 05:50hs da manhã pra “repor as energias”. Não posso reclamar.
Então foi assim que comecei a perceber que o meu período da noite tinha uma organização, disciplina... Durante o dia não...Se eu quisesse atender ao telefone, enfiava o peito na boca da Alice e ela que não é boba nem nada, mamava até que eu desligasse... Depois chegava uma visita... A mesma coisa.... E assim eu não conseguia ter um dia sequer igual ao outro...Era a escravidão da qual a Sun Ra tanto fala.... (em breve eu publico as produções dela aqui... As teorias dela são ótimas)
Agora estou começando a organizar o dia... Ainda não consegui totalmente... E honestamente nem sei se conseguirei fazer com que nossos dias sejam previsíveis e totalmente iguais porque uma coisa é bem verdade: A Alice cresce e muda todos os dias.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

• Amamentação: facilidades e dificuldades – as diferentes funções do peito

Bom... Como boa parte das mulheres que fazem cesariana, o meu leite demorou um pouco para descer...Mas veio. Alice mama direitinho e aquela “Lansinoh” que eu tenho para rachaduras no peito só foi usada mesmo em parceria com meus ultra cremes, durante a gravidez, que evitaram o surgimento das tão indesejadas estrias http://casandroni.blogspot.com/2009/05/os-hidratantes.html, isso mesmo...Passei o creme do peito na barriga nos ultimos 3 meses de gestação. Quem conhece o Lansinoh sabe que ele é à base de lanolina pura e trabalha essa questão dda elasticidade muito bem.
Pois bem... Alice mamava bem, bem mesmo, mas o que aconteceu foi que da consulta na pediatra de 7 dias pra consulta de 21 dias, ela tinha engordado apenas 150 gr... E pra piorar a situação a médica me disse que aquele choro que ela apresentou no consultório (e que era o seu choro em casa também, todos os dias) era um choro de fome... Nem preciso dizer como ficou o meu coração ao sair de lá. Triste mesmo.
Triste e revoltado com a impossibilidade de nutrir totalmente a minha cria. Fora o fato de que o leite em pó para bebês (estou dando NAN 1) é caro, dá trabalho quando vc vai sair pela parafernália que tem que levar junto, dá mais cólicas, prende mais o cocô do bebê e fica aquela frustração....
O peito ainda mina leite, mas insuficiente... São raras , raríssimas as mamadas que fazem a Alice apagar satisfeita, como aquele sono que a gente tira depois de um almoção de domingo em família, daqueles que tem farofa e duas sobremesas... Então, o leite em pó vai entrando cada vez mais na nossa rotina. O que tem de bom é que depois da mamada de leite em pó mais o peito à noite, a Alice dorme 5, quase 6 horas seguidas; e, assim, eu vou tendo um cotidiano um pouco mais humano.
O peito...Além de dar essa complementada ao leite em pó (deveria ser o contrário, o leite em pó deveria apenas complementar o peito) serve também como o melhor dos calmantes para a Alice... É impressionante... Mesmo nos momentos em que o peito está quase vazio, a Alice suga por três minutos e relaxa, fica tranquila. Sei bem que o maior bem do meu leite para ela é o efeito calmante, sinto que ela sente-se segura e amada ao mamar... Essas coisas só as mães que amamentam com amor (mesmo não tendo leite) entendem...
Minha saga na amamentação ainda não terminou. Tentei tomar umas homeopatias, que não me fizeram virar aquela matrona, mas tenho certeza que graças à elas ainda tenho um pouco de leite e vou partir em breve pra uma conversa com o meu médico perguntando se ele indica algo. A Sun tem sua experiência com amamentação de fracasso seguido de sucesso... Vou seguir os passos dela!
Carol

Os porquês do choro


Que nenenzinho chora, isso todo mundo sabe.
O choro mais clássico conhecido por qualquer ser vivo geralmente deve-se à sensação de fome. Em segundo lugar vem o incômodo com a fralda (que com essa tecnologica de hoje, dessas mega fraldas que aguentam até um número grande de horas sem que o bebê fique molhado, tem diminuído bastante, pelo menos aqui em casa, as causas dos choros na minha sondagem), tem também o choro devido ao incômodo pela posição em que o bebê está deitado (bebê pequenino não tem tanta autonomia motora pra encontrar a posição ideal ainda), incômodo por causa da etiqueta da roupa que “pinica”, incômodo logo após ter tomado o leite (cólica, que graças a Deus a Alice não tem muita), ou incômodo, que começa como uma agonia e vira choro por não conseguir arrotar. O mais legal disso tudo é que a gente que é mãe vai identificando cada choro. Claro que a gente sonda muito até treinar e afinar os ouvidos.... Mas é assim que bebês funcionam.

domingo, 27 de setembro de 2009

• Porque é difícil sentar pra escrever...

Milhares de questões, dúvidas e sentimentos já me vieram à cabeça desde que a Alice nasceu. Pensei em colocar todas as questões no blog, em postar cada assunto. No fim, fui vivenciando todas as angústias, superando algumas, assimilando outras para a nova formatação da vida, esquecendo algumas e assim passaram-se mais de 40 dias do nascimento da Alice e se não fosse a lista feita num momento de avaliação e iluminação do levantamento de questões para me dar o “start” de escrever, eu simplesmente não saberia por onde começar esse registro.
Da mesma forma que o meu blog anterior, “ Grávida pela primeira vez” www.casandroni.blogspot.com , o objetivo deste é historificar essa parte tão interessante da minha vida pra poder reler daqui há algum tempo, pra poder compartilhar com amigos do andamento da vida e para que a Alice saiba dessa parte da nossa história.
Parar para escrever pareceu impossível (e ainda parece, aliás, esse texto será interrompido assim que ela acordar) por tantos motivos diferentes... Pela Alice que precisa de mim o tempo todo, pelas coisas que vão ficando pendentes no quarto, nas roupas, na eterna necessidade de reorganização dos meus pertences pessoais, e, acima de tudo, pela difícil tarefa de distribuir o tempinho que sobra entre receber uma visita, tomar um banho ou tentar dormir 15 minutinhos...
É... Ter um bebê recém nascido dá um trabalhão. E eu que pensei que fosse fazer mestrado aproveitando esse período de “férias” beneficiados pela maternidade... Doce ilusão. Carol

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Deus do céu!


Dá pra sentir na pele como é difícil me reorganizar e parar para escrever... Poxa vida...Esse blog já tem 5 fiéis seguidoras, grandes amigas e até agora nem uma linha para refletir sobre as questões avassaladoras da maternidade? Pois é.... Mas conto que já fiz pelo menos a lista de temas para alimentar as questões daqui e uma novidade: Vou ter uma parceira na escrita e nas reflexões! Pois é. Minha amiga Sun Ra, que teve a sua filhota Maria Clara 10 dias antes de eu ter a Alice, e que compartilha comigo das loucuras e da escravidão (escravidão é uma nomenclatura fortemente utilizada pela Sun pra falar de maternidade) que é virar mãe, vai complementar e sugerir temas para a discussão... Sob o ponto de vista dela, claro, pois apesar de sermos amigas e termos muitos comportamentos e ambições comuns, passamos por situações diferentes, temos estruturas de vida que são diferentes e nem sempre nossos altos e baixos incidem sob os mesmo pontos... Bem... Então o que tenho a dizer é: estamos trabalhando nisso no ritmo "mãe".

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Blog em Construção

Comecei a idéia de Blog durante a gravidez da Alice, minha primeira filha que nasceu há exatos 25 dias... Ainda é difícil conseguir parar para escrever... Bebês consomem simplesmente todo o tempo da mãe, mesmo de mães que têm ajuda da família. Mas estou cheia de idéias e escritos em mente para compartilhar sobre essa coisa de ser mãe e em breve começo a publicar aqui todas essas questões! Até lá!