quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tempo, tempo, tempo...



A maternidade nos traz uma relação muito estranha com o tempo. Os acontecimentos são intensos demais e temos nossa vida completamente transformada de repente.
Uma criança pequena requer cuidados e passamos a maior parte do tempo provendo. Quando nos damos conta lá se foi mais um dia, mais um mês e num piscar de olhos o primeiro ano.
Minha pequena acabou de completar três meses e tenho a sensação de que esse tempo voou.
Com duas crianças em casa, sobra pouco tempo para existir e fico me perguntando se é assim com todo mundo ou se sou obsessiva demais. O fato é que não consigo cuidar dos meus interesses e estou sempre suprindo as necessidades dos pequenos.
A danada da culpa surge exatamente quando me permito pequenos prazeres ou simplesmente quando priorizo meus interesses.
Sentar para escrever, organizar as idéias, é quase impossível durante o dia e à noite, quando finalmente a casa silencia, estou exausta e só quero dormir...
Até agora já fui interrompida umas cinco vezes e fico me perguntando se ainda sou capaz de escrever com alguma coerência.
É bastante difícil ceder o tempo todo, perceber que as coisas deixam de ser feitas no tempo que se considera ideal... Perder a liberdade do ócio... Como é difícil lidar com essas questões!
Desde quando Henrique nasceu, vivo as maravilhas da maternidade e a loucura de me sentir prisioneira de desejos que não são meus. Às vezes, é difícil até ir ao banheiro.
Maria Clara passou esses primeiros meses chorando. Teve muita cólica, refluxo e sabe Deus mais o quê! O fato é que essa pequena chorava praticamente o dia inteiro e eu fiquei exausta.
No meio desse turbilhão ainda tive que lidar com meus hormônios e a perda da pessoa que trabalhava há anos na minha casa. Resumindo: Escrever virou missão impossível.
Só agora consigo vislumbrar a possibilidade de viver uma certa organização e isso me faz um bem enorme. Estou começando a curtir minha bebezinha e aprendendo a dividir o tempo entre os dois.
Existe um tempo de adaptação para qualquer grande mudança e esse “tempo” vai acontecendo no dia a dia sem que a gente perceba. Aos poucos estou conhecendo essa pessoinha que acabou de chegar e entendendo como funciona, do que precisa, do que gosta, como dorme...
Enquanto isso, vou tentando registrar aqui e ali minhas descobertas sobre ela e sobre mim mesma.

Sun Ra

Nenhum comentário:

Postar um comentário