segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

" espacinho "



Chamei de “espacinho” o cantinho do quarto que fiz pra Alice ter como opção diferente do berço, do colo e do carrinho. Mais um lugar para estar, para brincar e para ampliar as possibilidades de locomoção dela.
Comprei duas placas de E.V.A. de 1m x 1m, as encaixei e recortei as laterais com estilete. Usei também um espelho que estava sem utilidade e o que não poderia deixar de faltar: a sacola de brinquedos.
Geralmente o “espacinho” fica instalado no quarto, num local que não é de intensa passagem e bem iluminado. Mas como o piso é composto apenas por duas placas (nesse sentido é beeem mais prático do que comprar aqueles pacotes, também lindos e muito úteis, de 20 placas de 20cm x 20cm de E.V.A.) é bem fácil transportar o “espacinho”para outros lugares da casa. Já passei para a cozinha enquanto fazia pastéizinhos de forno, para o quintal, para a sala... É uma maneira de instalar a Alice perto de mim quando preciso estar em outro ambiente que não no quarto e de manter oportunidades interessantes de exploração com segurança enquanto estou por perto mas não estou interagindo o tempo todo com ela.
Pois bem, apresentado o “espacinho” como suporte para brincar, é bacana falar um pouco sobre “do quê” brincar.
Quando nos sentamos lá pela primeira vez, coloquei a Alice no meu colo de frente para o espelho. Colocar a criança na frente do espelho, como bem diz a minha amiga Musa, é muito mais bacana do que colocar a criança na frente da TV, pois o olhar da pequena ao se ver não esconde um sentimento de encantamento, surpresa e paquera. É muito gostoso sentar com seu bebê na frente do espelho. Só essa ação consumiu nossas primeiras duas ou três idas ao “espacinho”.
A Alice ainda não se senta com firmeza e só a mantenho sentada quando estou sentada junto, por que assim ela conta com o apoio do meu colo e das minhas pernas caso tombe para um lado ou para o outro. Quando eu não posso sentar junto, coloco ela de bruço olhando para o espelho e ela faz, a partir daí, o que quer: gira, desloca-se (ainda não engatinha mas já se desloca pelo espaço meio desordenadamente, meio “sem rumo”)
Geralmente deixo o “espacinho” já organizado com brinquedinhos. É claro que NÃO se pode colocar todos os brinquedos que a criança tem de uma vez...A Alice é muito pequenina e acaba não explorando os brinquedos com tranquilidade se encontrar todos de uma vez. A criança que está brincando pelas primeiras vezes na vida e tendo o primeiro conjunto de brinquedos, precisa ter diversas oportunidades para explporar e brincar e brincar e brincar de novo com os mesmos brinquedos. Quando organizei o “espacinho” pela primeira vez, coloquei ali uns brinquedinhos que ela já conhecia bem e um ou outro que eram novidade.
Mostro aqui mais ou menos como foi o primeiro espacinho da Alice. Aliás, antes do espacinho, quando ela ainda não virava nem se deslocava, eu usava o tapete de atividades.




O primeiro tapete de atividades




O "espacinho"


Existem mil jeitos de chegar com a criança no espacinho, é bacana não ter tanta ansiedade e estar atenta ao olhar e ao interesse do bebê pra que ele explore as posições, os brinquedinhos ou para que ele simplesmente fique à vontade da maneira como lhe parecer melhor. Nas primeiras idas com a Alice eu sempre me sentava junto e ficava brincando com ela. Observava como ela explorava os brinquedos, quais ela considerava mais interessantes, de que maneira brincava, quais coisas ela conseguia e quais ela não conseguia fazer. Isso me permitiu fazer aos poucos as mudanças no espacinho e me permitiu também descobrir quais brinquedos e oportunidades atendiam melhor a cada dia, a cada temperatura (por exemplo; o E.V.A. tem duas faces, uma melhor para o verão e outra melhor para o inverno...Você já percebeu isso? A parte mais emborrachada é mais adequada para o inverno pois é mais aconchegante e quentinha. O “verso” da placa de E.V.A. é liso, é como se a borracha fosse vedada nessa parte; não é tão porosa, não esquenta e é bem mais fácil de limpar) e a cada interesse da Alice.
Depois de um tempo brincando no “espacinho”, eu comecei a perceber que a Alice tinha desenvolvido um jeito de brincar com determinados brinquedos. Ela tinha desenvolvido o seu primeiro repertório de brincadeiras. Tendo então um conjunto de fazeres, mostrando ter familiaridade com o espaço, com o brinquedos e com o que fazer com eles, passei a organizar oportunidades para que a Alice passasse a brincar um pouco sozinha. Claro que eu não a deixo sozinha e vou tomar banho... Eu fico junto, mas posso estar fazendo outra coisa, como, por exemplo, pertinho dela higienizando os brinquedos que estão na sacola, guardando as roupinhas dela no armário... Coisas de mãe!
Depois que percebi isso, comecei a diferenciar e classificar alguns brinquedos por tipo. Tem brinquedo que nesse momento, nessa etapa do desenvolviemnto dela, só podem estar no “espacinho” se for pra gente brincar juntas, por que pode cair em cima dela ou por que ela pode não conseguir brincar sozinha e o brinquedo fica ali, apenas atrapalhando. Claro que conforme ela se desenvolve e conforme temos oportunidades de brincar diversas vezes com o brinquedo, ela aprenderá a brincar com ele, aprenderá a não deixá-lo cair... Tem brinquedo que tem uma determinada função mas que a criança demora pacas pra começar a brincar daquele jeito que “manda a bula”. Um exemplo disso é o mordedor. Alice ganhou uns 4 ou 5. Quando começou a segurar brinquedinhos com as mãos, ainda não tinha nenhum dos dentinhos despontando e o hábito de colocar tudo na boca não era tão intenso quanto é hoje. Então ela não mordia nenhum dos mordedores, mas ficava longos minutos apenas olhando para eles... Observava as cores, os desenhos, sentia a textura... Hoje ela continua observando os lindos mordedores que tem, mas em poucos minutos coloca na boca e começa aqueeela babação e aquela carinha de alivio por poder coçar a gengiva que rasga pra dar lugar a mais dentinhos (além dos dois que ela já tem).
Vida de mãe é uma coisa corrida mesmo e eu aprendi que o “espacinho” serve pra me salvar em momentos que ela não está com fome, não quer colo, não vai dormir mas quer algo que eu não sei o que é... Com certeza quer gastar energia e conhecer mais do mundo... Serve também por que brincar é tão saudável e importante quanto comer, tomar banho, trocar fralda, receber amor e carinho. Então a gente tem sempre que reservar, mesmo que a criança não peça, um tempinho gostoso para brincar. Para que isso fosse facilitado na minha vida, eu passei a deixar o “espacinho” organizado previamente. Sempre que a Alice descansa ou que está com alguém da família e que eu vou aproveitar para dar uma juntada naquela bagunça inevitável, aproveito e dou uma reorganizada nos brinquedos do espacinho. Tem uns que eu guardo, uns que eu mantenho, uns que eu mudo a maneira de expor e por aí vai. Vale lembrar que a exposição do brinquedo, ou do conjunto de brinquedos no espacinho é tão estratégica quanto as brincadeiras que acontecerão a seguir, pois a arrumação, a exposição por si só é um desafio, uma provocação, um convite à brincadeira.
E é bom brincar bastante mesmo, por que tem uma hora que acontece o inevitável: o espacinho fica pequeno e a criança vai procurar por outros desafios! Isso é ótimo! Mas se você quiser que o “espacinho” continue sendo uma opção de lugar para estar, para brincar, explorar coisas em determinados momentos, é fundamental estar atenta a quais possibilidades de brincadeiras são ao mesmo tempo desafiadoras, interessantes e possíveis.
Estou aqui pensando bastante sobre cada brinquedo, sobre brinquedinhos que eu, com meus 30 e tantos brinco e que já são interessantes para Alice... Mas depois eu conto sobre cada um dos brinquedos em postagens específicas e, se Deus quiser, mais curtinhas.

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