segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Depressão


Falar de depressão pode parecer algo muito clássico quando se pensa em uma mulher que acabou de ter o primeiro filho e está tentando se reencontrar no mundo... É mesmo.
Nunca gostei do termo “depressão pós parto” pois eu tenho depressão desde a adolescência e embora não cuide dela com as melhores intervenções do mundo, tento cuidar do meu jeito ou, no mínimo, sempre tenho consciência de que ela está me pegando...
Sei bem que tive depressão durante a gravidez por questões sociais, profissionais e emocionais. Acho que depressão é algo que assola a pessoa em momentos mais difíceis, quando a luminosidade é baixa. Entendam aqui luminosidade como perspectiva, sem conotação religiosa nenhuma, por favor.
Quando comecei a escrever esse blog, fiz uma lista de textos que não poderiam faltar: experiências que eu estava tendo e que não podia deixar de registrar. Depressão foi um dos primeiros ítens da lista... Por que só agora escrevo? Por que demoro muito pra sentar e escrever por conta da natureza da própria maternidade e por que, como todo mundo que tem depressão, eu já tive diversos altos e baixos nesses meses desde que a Alice nasceu (quase 5). Quando estava no momento “desespero”, nem pensava, nem tinha condições de escrever... Quando o momento desespero passava, eu pensava em compartilhar coisas mais bacanas...
Resolvi escrever agora sobre a depressão por dois motivos especiais: primeiro por que acabei de ler um livro bem bacana...O livro parece um ombro amigo de verdade, desses nos quais a gente sabe que pode confiar e que diz coisas que todo mundo diz mas nele a gente acredita.... E depois por que eu me encontro num momento que considero bem preocupante da depressão.
O livro é “Ser mãe – e viva a vida - A experiência da mulher após o nascimento do bebê”, de Rosana Glat. A autora,professora universitária e mãe de três filhos, fala sobre as sensações mais comuns das mulheres com a experiência da maternidade. O livro tem 3 capítulos bem específicos: 1- “E agora? O que é que eu faço?” 2-“Olha o que eu virei” e 3- “Quando você vai tirar esse uniforme de mãe?”
A leitura é bem gostosa por que vai de encontro às angústias mais comuns das mulheres que acabaram de reproduzir e o livro é curto, simples (desculpem-me os mais acadêmicos e eruditos mas nada como um livro curto e simples no meio desse momento desesperador e cheio de necessidades de respostas) e nem um pouco sensacionalista (minha irmã comprou de presente pra mim num congresso de educação das mãos da própria autora). Fala de questões tão práticas e comuns, mas tão óbvias que a gente se dá conta que poucos falam disso: tipo... “Nunca mais almoçar as 4 da tarde no sábado no mesmo ritmo que almoçávamos antes com os amigos sem filhos...” (a autora na verdade dá um exemplo do pós praia... mas me recuso a falar de praia agora). Ou seja... não podia deixar de falar do livro por que ele foi o meu ombro amigo durante bons dias... Eu lia e sentia vontade de abraçar a Rosana e dizer: “me salva mesmoooooooo”.
Outro motivo pelo qual eu resolvi escrever agora é pela natureza nova e quase apática do meu estado emocional... Claro que eu surto, choro, fico triste e tenho medo... Em alguns momentos coloco todas as minhas indagações sobre a vida “na espera” e curto a Alice, a beleza de vidinha sobre a qual tenho responsabilidades para o resto da minha existência. Mas tem me espantado um certo sentimento de confusão... É tanta dúvida, tanta confusão e um sentimento de solidão tão imenso que às vezes eu me pergunto se é hora de chorar, ter medo, sorrir, fazer coisas (...) e fico sem resposta.... Não sei que sensação assumir, tenho tido uns blackouts emocionais sem saber o que sentir.... Sem emoção... E um peso na consciência assola de novo o meu coração e me pergunta: eu não deveria estar feliz? A resposta vem para definir minha emoção com a tão falada CULPA... Medo... Tristeza...Às vezes raiva também... Loucura.
Mas insisto na conversa inicial...Depressão no meu caso é companheira de vida, é mal do século, talvez da própria natureza humana. A maternidade só faz as coisas ficarem mais intensas. E antes que alguém retruque com palavras otimistas: Não passa não; mas concordo que tenha seus altos e baixos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Baby sling

Logo que engravidei, vi uma reportagem na tv sobre os slings... Esses panos amarrados que algumas mulheres de diferentes etnias e culturas usam pra carregar seus bebês por aí. Mesmo antes de ver a reportagem, já me fascinava a idéia de adotar uma ferramenta, ou melhor dizendo: um acessório, para carregar o bebê. Transmite, sei lá, maior segurança, praticidade já que em muitos casos a mulher fica com as mãos livres e acima de tudo, charme. Charme vindo da maternidade, claro, nada muito sensual, mas um charme que carrega consigo até o peso da pureza.
Depois de ter visto a reportagem, estabeleci que usaria o sling como uma forma urbana, paulistana e absolutamente necessária para carregar o meu bebê. Ainda no começo da gravidez, aprendi a amarrar uma canga e tive como voluntário o meu gato jack, que sempre muito prontamente topava ensaiar o “estado sling”. Um fofo... Um dia até fiz arrumação no quarto com ele penduradinho e foi bem tranquilo pra mim e pra ele.
Pesquisei vários modelos de sling e antes da Alice nascer eu já sabia quais queria e quais jamais usaria. Os gigantescos que contornam toda a mulher que acabou de parir e tenta, inutilmente disfarçar aquilo que aconteceu com o seu corpo não fazia o meu estilo. Muito pano contornando uma gorda ia me deixar triste, mau humorada (estado que já é da minha natureza) e, de verdade: feia pra caramba.
Encontrei algumas variações de sling, alguns menores, mais discretos, com menos pano, com bolsinhos internos....
Gostei daquele da Munchkin, mas aqui no Brasil custava muito caro...Pra trazer de fora é aquela chateação de pedir pros outros e torcer que escolham aquele modelinho e aquela cor que eu escolheria... Encontrei da Munchin aqui na loja da “Alô Bebê” (loja física, pois na virtual não tinha) mas não consegui pagar 130 reais num paninho tão pequeno...Eu tinha esperança de encontrar mais barato.
Pesquisando, pesquisando...Encontrei o sling que eu queria... O site era “sampasling” http://sampasling.com.br/ ... Eles tinham ali 3 modelos de sling: o de amarrar que eu detesto, um de velcro (que eu sei que é forte, mas não me dá segurança espiritual), e o “sampasoft”.
Encontrei no sampasoft o modelo ideal para mim. Projetado pra quem vive em grandes centros urbanos, quer algo discreto, com pouco pano e sem muitos segredos e artimanhas pra se montar e desmontar.... Isso sem falar no preço que parecia ser ótimo. Não paguei nem 70 reais com o frete e tudo!
Para escolher o sling, além de olhar mil vezes as cores disponíveis, li atentamente a tabela de tamanhos que é bastante complexa. Tem que ver medida de tudo... Peito barriga, pneuzinho, altura, jeito que quer carregar o bebê.... Escolhida a estampa e o tamanho, comprei o meu sling que no dia seguinte já estava em casa! Foi aquela alegria.
No dia seguinte precisava sair com a Alice e não tive dúvidas! A grande estréia do sling: fracasso total. Alice simplesmente se contorcia como um camaleão e urrava pra que eu não a mantivesse ali, naquela que parecia ser uma posição bastante desconfortável. Tentei algumas vezes e o sling definitivamente não estava confortável... De cara eu percebia que faltava “um jeito”; que nem eu nem ela estávamos confortáveis... Foi aquela tristeza.
Passaria em breve dois meses em São Paulo sozinha...Eu e Alice... Poxa vida eu tinha comprado o sling pra me auxiliar nessa coisa de ir pra lá e pra cá e não ter que levar o carrinho.... Principalmente eu que uso muito o transporte público... Deu um medo de não poder contar com esse acessório.
Quando chegamos em São Paulo, fiquei mais em casa... Na primeira semana ia ao mercado com a Alice no carrinho... Bem pequenina, com 2 meses incompletos e comprava apenas o que conseguisse carregar com apenas uma das mãos.
Logo na primeira semana marquei uma consulta médica. Fiquei matutando, matutando sobre como faria pra ir ao consultorio com o carrinho... Como faria pra entrar na estação de metrô, pra subir a escadaria que levava ao prédio... Enquanto pensava e arrumava nossas coisas para sair, a Alice pegou no sono... Peguei ela no colo e fiquei carregando, pensando se a colocaria no carrinho... Peguei o sling e a envolvi nele, como se fosse uma cobertinha vestida em mim. Não soltei a Alice no sling, fiquei carregando com o meu “abraço”de mãe mesmo.
Fiquei segurando como se não houvesse nada ali. Pensei comigo e decidi que ela iria no colo, vestida pelo sling. Fomos.
Na ida, eu me sentindo uma vitoriosa. Ela dormindo. Chegamos ao consultório e ela acordou apenas para mamar... Percebeu que estava envolta no pano outrora odiado, mas concentrou-se mais em mamar mesmo. Voltou a dormir. Fui consultada. Saí do consultório e entrei novamente no metrô pra voltar pra casa. Ela dormindo. Eu vitoriosa. Saí do metrô já no quarteirão de casa. Sorridente; expressão rara em mim. Cheguei até a relaxar os braços e deixar que a Alice ficasse usufruindo da função do sling... Meus braços descansaram! Entrei em casa, tranquei a porta e... Alice acordou. Ia chorar. Eu, mais que agradecida a tirei dali, troquei fralda e brincamos um pouquinho. Compartilhei com ela sobre o nosso avanço do primeiro passeio de sling... Foi bem bacana! Me senti gente, senti que eu posso sim sair de casa, que o sling ajuda e dá segurança. Passei aquela tarde sonhando e planejando umas visitinhas a amigas, passeios... Foi um dia feliz mesmo. Marcante. Praticamente uma mudança de estado.
Logo depois desse episódio, comecei a fazer diversos passeios com a Alice de Sling... Sempre com a mesma abordagem inicial: carregar ela no colo apenas envolta pelo sling mas não solta. Saindo na rua já dava pra soltar pois ela se distraia com o movimento e ficava tranquila...Acho que também sentia-se segura... Com a aceitação dela pelo sling, comecei a encontrar posições mais adequadas e versáteis para carregá-la: mais deitadinha e guardadinha, ou sentada e com o braço de fora pra ver a vida!
Fui ficando craque no sling e ele foi fazendo parte da gente. Passamos a ficar tão à vontade andando por aí que as pessoas me paravam na rua para perguntar sobre a funcionalidade. Conheci inclisive um rapaz muito simpático na fila do caixa do mercado que me pedia orientações sobre esse processo de adaptação, pois sua irmã tinha um bebê que não se adaptava...
A grande sacada é essa mesmo... ADAPTAÇÃO. Cada mãe vai descobrir sua fórmula, do mesmo jeito que as mães se acostumam com cangurus, carrinhos, cadeirinhas de carro, etc, etc... E foi desse jeito que eu e a Alice fizemos graaandes passeios.
Ps: as compras de mercado passaram a ser feitas com: Alice no sling e carrinho de feira! Prático, barato e fácil! (mesmo por que eu não aguentava mais pagar R$12,00 de taxa pro delivery do “Pão de Açúcar” trazer as coisas pra mim em casa... e ir ao mercado todo dia comprar apenas uma cestinha.... Durou bem pouco.)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A gaveta das fraldas


Não fiz chá de bebê mas ganhei pacotes e pacotes de fraldas das minhas amigas... Os tamanhos variavam entre Rn, P e M, ou seja...Alice completou 4 meses semana passada e eu ainda não precisei comprar nenhum pacote sequer de fraldas... Provavelmente eu fique mais uns dois meses utilizando os pacotes que eu ganhei até que elas se acabem. O mais bacana disso tudo é que quando você ganha as fraldas, ganha de diversas marcas e modelos de fraldas e tem aí uma excelente oportunidade pra experimentar todas.
Antes eu achava que que ia me dar bem com Pampers e que não ia gostar da Johnson’s... O que aconteceu foi que conhecendo cada fralda, tirei a seguinte conclusão: Fralda é mais ou menos “tudo igual”, o que muda é que tem umas que vestem melhor o corpo do seu bebê e que seguram o xixi por mais tempo... Pensando assim comecei a definir que certas fraldas são melhores pra dormir, certas fraldas pra logo depois do banho, certas fraldas pra quando ainda não fez cocô mas já vai fazer, algumas são boas pra sair, por que além de resistentes são fáceis de trocar fora de casa... Sendo assim eu vou abrindo uns 4 pacotes por vez e monto na gaveta um esquema de utilização delas. Deixo sempre 8 das que eu uso mais no dia, 4 das que coloco por que sei que vão sujar ou trocar logo e 4 das melhores pra dormir...Então, de dois em dois dias eu refaço a gaveta com mais ou menos a mesma estrutura... Mas isso é estratagema de mãe...Cada mãe tem o seu esquema, o meu é esse... Além das fraldas não posso deixar de citar o algodão, que uso da marca Apolo e os lenços umidecidos, que prefiro da johnson’s... Tem também as pomadas, que tenho usado 3: bepantol (que sobrou da minha ultima tatuagem) e os dois tipos da Desitin (essa é uma pomada americana): original (que é bem parecida com hipoglós, tem até o mesmo cheiro) e a creamy (que lembra a dermodex prevent, mas é bem melhor, pois espalha, hidrata e sai com mais eficácia).
Bom... Essa é a gaveta de fraldas.... Agiliza minha vida, é a única gaveta organizada da casa e não posso deixar de dizer...As fraldas da johnson’s são ótimas!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

• Eu faço tudo errado




Acho que muita gente, quando vai ter filho ou quando vai fazer pela primeira vez qualquer coisa que seja nova e importante, dessas que a gente não faz todos os dias, se informa antes de fazer o que quer... Por exemplo...Se você vai comprar um animal de raça X, procura saber sobre a raça, se vai viajar, procura se informar sobre onde ficar, onde comer... Com filho a mesma coisa. Tendo então 9 meses de espera dá tempo de sobra pra se informar e pra desenvolver teorias próprias, medos, hábitos e lemas.
O grande “manual filho” está fortemente presente em 3 possibilidades de aprendizagem: livros sobre o assunto (maternidade ou educação), conversas com pessoas mais experientes e cursos para gestantes (esse eu não fiz). Conversas com pessoas mais experientes eu tive pela vida inteirinha pois sempre tive curiosidade por essa coisa de reproduzir...O que eu mais fiz durante a minha gestação foi ler e pensar... Li, li, li...
Tive uma proteção especial durante minhas leituras...Lembro-me que há muitos anos, quando li uma entrevista da Maria Paula (que faz o “Casseta e planeta”) fiquei pensativa ao saber que ela também tinha conflitos sobre qual seria o jeito certo de criar o seu primeiro filho que tinha acabado de nascer, e ela no final dessa entrevista, disse que descobriu o jeito certo; era o jeito dela, mesmo.
Pois bem... Deparei com diversas linhas de educação, de pensamento entre os diferentes livros que li.... Com alguns, eu me encontrava, com alguns eu me surpreendia e chegava a dizer: “Meus Deus! Ainda bem que eu li isso pois assim eu posso prevenir tal coisa...”, mas encontrei livros que me fizeram sentir castigada, a pior das mulheres e a mais incompetente das mães... E a crise do “eu faço tudo errado” baixou em mim até que eu decidi me sentir em paz pelas minhas decisões e experiências...
Estava eu lendo sobre como fazer o bebê dormir sozinho...Eu ia pro quarto com a Alice as 23:00hs e conseguia colocá-la no berço as 04:00 hs da manhã.Tentava de tudo e a bichinha não dormia. Foram dias de desespero, por que eu começava a perder as forças, tinha medo de desmaiar com a pequena no colo... Li o capítulo sobre como fazer o bebê dormir sozinho...Eu precisava é que ela dormisse mais facilmente... Se dormisse sozinha, melhor, mas se dormisse já estaria pra lá de bom... No livro dizia pra NÃO fazer algumas coisas como: deixar a criança dormir no colo (foi a primeira idéia que eu aproveitei e deu certo), fazer cafuné na criança (também testei e deu certo), deixar a criança dormir no carrinho em movimento (isso de fato é traiçoeiro...eu também testei... a criança dorme, mas na hora de tirar e botar no berço ela acorda...é muito movimento)...Ou seja, tudo o que o livro considerava errado eu experimentei e funcionou! Pode não ser a forma mais adequada de conduzir as coisas mas significou uma melhora considerável do meu atual estado de sobrevivência...
Mas o fato de eu ter testado o “caminho errado”e ter me sentido melhor como mãe através dele fez com que minha consciência pesasse demais...Eu ficava pensando toda hora: maldito livro, maldito livro....
Depois de uns dias, me consolei com as palavras da Maria Paula (aquela mesma, do “Casseta e planeta”)... O melhor jeito de criar a criança, a minha criança, é o meu jeito mesmo.... E assim caminha a maternidade...